No
terceiro artigo da série publicada pelo Diário de Taubaté, o professor e
sociólogo Celso Brum analisa a pré-candidatura do petista Isaac do Carmo e
lembra que, em Taubaté, o PT sempre teve dificuldade nas eleições.
Vale
lembrar que Dilma perdeu as eleições em Taubaté no primeiro e no segundo turno
das eleições presidenciais de 2010.
Brum
vê, contudo, semelhanças entre as eleições deste ano com as de 1968, quando foi
eleito Guido Miné, e a de 1982, quando eleito foi José Bernardo Ortiz.
Ambos
representavam a mudança de paradigmas administrativos. Miné e Ortiz, a seu
tempo, foram novidades.
E
hoje, quem é a novidade?
Abaixo,
o terceiro artigo de Celso Brum sobre as eleições de outubro
Já disse neste oásis de reflexões
heterodoxas, que acredito numa maior exigência do eleitorado em relação aos
candidatos e suas promessas. Já disse também que vivemos um momento
pré-eleitoral muito parecido com os anos de 1968 e 1982.
Qualquer pessoa razoavelmente articulada
sabe o que vão falar TODOS os candidatos. Eles falarão de saúde, segurança,
transporte, educação, etc., não haverá novidades. Um ou outro, quem sabe,
falará de planos e projetos consequentes, cujos efeitos se farão sentir nas
próximas décadas. E haverá ataques pessoais, coisas que não podem faltar e que
já não produzem a repercussão desejada e verificada em outros tempos, a menos
que seja uma bomba arrasa-quarteirão. É certo que, na época da propaganda por
rádio e televisão, pátria-amada-e- idolatrada-salve-salve dos caríssimos
marqueteiros, tudo ficará na superfície, necessariamente sem nenhuma
profundidade, coisa na base de vender um produto, como um Bombril de mil e uma
utilidades.
Assim, qualquer candidato que pretenda
fazer o eleitorado pensar, raciocinar ponderar, refletir para bem decidir,
muito especialmente num sentido de mudança, tem muito pouco tempo para isso.
Pois, quando a campanha estiver acesa, haverá tantos estímulos, tantas
mensagens, tanto papel impresso que já não haverá disposição para um raciocínio
claro e objetivo.
Disse, linhas acima, que o eleitorado
taubateano estará mais exigente nesta eleição. Por isso, é preciso que os
candidatos e partidos falem com ele e apresentem seus planos e suas metas. Mais
do que isso, que não subestimem a sua inteligência, apresentando planos sem
dizer onde estarão os recursos para a sua consecução.
O PT, nesse particular, tem um trunfo
extraordinário que não vem explorando, embora o melhor momento para fazê-lo
esteja passando. Ouço dizer que vão esperar o horário da TV. Estão errados. O
momento é agora.
Não é segredo para ninguém que o PT
listará as grandes obras necessárias para Taubaté e dirá que os grandes
recursos para realizá-las só podem ser buscados junto ao governo federal. O que
é verdade verdadeira. O PT dirá também que um prefeito do PT estará muito mais
próximo de conseguir a liberação de tais verbas. Este é o grande trunfo do PT e
do seu pré-candidato, Isaac do Carmo.
Isaac tem uma biografia interessante e
uma carreira brilhante como dirigente sindical. É formado em Direito e tem
pós-graduação em Direito do Trabalho, Processo do Trabalho e Direito
Previdenciário. Nunca foi candidato a nenhum cargo eletivo.
O PT, no entanto, não tem um bom
retrospecto eleitoral em Taubaté e na maior parte do Vale do Paraíba, do
tradicional e conservador Vale do Paraíba. Na última eleição presidencial,
Dilma Rousseff ficou em terceiro lugar, em nossa cidade. Certamente o PT tem
uma grande barreira a vencer porque o eleitorado de Taubaté tem sido refratário
à mensagem do PT, pelo menos da forma como o PT a vem apresentando. É de se
indagar se os dirigentes do PT estão conscientes disso e dispostos a mudar sua
estratégia e tornar didática sua mensagem, para conquistar o coração clean de
grande parte dos eleitores taubateanos.
Repito: o momento desta eleição
municipal é parecido com os anos de 1968 e 1982, quando foram eleitos
candidatos que prometiam mudanças. Qual será o candidato capaz de empunhar a
bandeira das mudanças? Ou o coração clean e conservador do taubateano falará
mais alto? (a conclusão desta série será na próxima semana).