José Carlos Cataldi, jornalista e advogado
Convivi com Biggs, apesar de mais de 20 anos
de diferença de idade. Ora no bairro boêmio de Santa Teresa, na região central
do Rio de Janeiro, ora nas muitas entrevistas que me concedeu, sempre cobrando
cachê. O assaltante do trem correio Glasgow Londres, também chamado de “O Trem
Pagador” não falava de graça. Sem cachê dizia: - é ruim heim!
Biggs falou comigo na Rádio Tupi, quando
seria extraditado, dizendo que seguindo as leis brasileiras acertara com
Raimunda, uma dançarina da noite, fazer um filho brasileiro, assegurando visto
de permanência, e, depois alguns bons cachês que Mike conseguia com a Turma do
Balão Mágico, onde cantava com Toby, Jairizinho e Simoní.
Falou comigo na CBN, ao escapar de um
seqüestro montado pela Scotland Yard, e, levado do Pão de Açúcar para o lado das
Bahamas, onde foi libertado pela diplomacia brasileira.
Falou comigo na TV Manchete e na Rádio
Nacional quando anunciou, triste por deixar o Brasil, que ia se entregar à Rainha
da Inglaterra, onde tinha a esperança de ser anistiado, diante da doença grave
que tinha. Mas disse que ainda que não escapasse da prisão dos ingleses, pelo
menos escaparia da indigência no SUS, e, da morte, em poucos meses aqui.
Tudo foi rigorosamente calculado por ele. De
pronto não foi anistiado pela rainha, mas o homem que lesou a coroa britânica
em mais de 120 milhões de reais acabou
morrendo num asilo digno. Escapou da morte em poucos dias no SUS.
Falei e disse!