Antonio Barbosa
Filho, jornalista
(Publicado
originalmente pelo Diário de Taubaté)
Para quem, desde o início do processo, há dois anos, acompanha os fatos
que envolvem o prefeito de Taubaté, Juninho Ortiz, do PSDB, e seu vice, Edson
Aparecido, hoje não é um dia feliz. Não há vitória a comemorar, por duas razões,
pelo menos.
Em primeiro lugar, é uma lástima que Taubaté tenha elegido um político
que já havia sido denunciado por formação de cartel e crime de "abuso de
poder político e econômico" em sua campanha. Pior: nesses dois anos, as
principais entidades e lideranças da cidade, inclusive a OAB, a Diocese, a
imprensa e a maioria na Câmara, preferiram fazer de conta que nada acontecia.
Não vi ninguém bradando que o prefeito era inocente, mas muito poucos exigiram
do Judiciário uma punição nos termos da lei - coisa que exigem aos berros
quando o réu pertence a outros partidos, especialmente o PT.
Houve muita hipocrisia, portanto, e agora será engraçado ver os
"éticos" da cidade explicando porque se omitiram e, pelo silêncio
cúmplice, coonestaram, as condutas dos agora expulsos da Prefeitura por
corrupção. Ver a minha cidade emasculada desta maneira, sem coragem para reagir
a um evidente abuso na condução da política e da administração, é o primeiro
motivo de tristeza.
Em segundo lugar, mais esta crise política enodoa o nome da cidade. Os
que diziam que, na gestão de Roberto Peixoto Taubaté era a "capital
nacional da corrupção" fizeram com que a cidade mantivesse o desonroso
título por mais dois anos.
A presença de um réu à frente do Executivo, atribulado com intimações,
processos e despachos com seus muitos advogados, já causou inúmeros prejuízos à
comunidade. É uma administração lenta, confusa, totalmente improvisada, que não
tem UMA realização importante para mostrar. Tem um fim melancólico este último
meio-mandato de um membro do clã Ortiz no comando de nossa terra.
Pouco importa que o TRE tenha adiado o julgamento por cinco vezes,
evitando desgaste ao partido do governador reeleito; que dois jornalistas
estejam sendo processados por terem exigido mais agilidade da Justiça Eleitoral
local (Irani Lima e eu) - mais vale a consciência tranquila, do dever cumprido;
que o Tribunal Superior Eleitoral possa, no que seria uma decisão inédita,
manter Juninho no cargo até o julgamento final de seus recursos. Politicamente
e moralmente, ele já está cassado, assim como seu vice e seu pai e
mentor, José Bernardo Ortiz.
Parabenizo aos que resistiram, inclusive o Diário de Taubaté, a TV
Cidade e o Blog do Irani, únicos meios de Comunicação que mantiveram
uma linha de vigilância permanente, sem aderirem aos poderosos da vez. Os
outros que se expliquem como puderem e se puderem.
Taubaté entra em nova fase, e espero que os cidadãos e eleitores tenham
aprendido alguma coisa com tais fatos lamentáveis.