Silvio Prado, professor
Tem início hoje as aulas na rede estadual de ensino do estado mais rico
do país, São Paulo. Mais de 4 mil escolas espalhadas por 625 cidades acolherão
quase cinco milhões de alunos. Sob o trabalho de 250 mil professores, tamanha
massa de estudantes deveria receber de um estado riquíssimo o melhor que a
educação pública poderia oferecer, pois São Paulo não é pouca coisa em termos
econômicos. Seu orçamento em 2015 alcança um impressionante 204 bilhões de
reais.
No entanto, comparando o atual orçamento com o de 2014, em termos
proporcionais a educação paulista deixará de receber 800 milhões de reais, o
que causa críticas de pessoas e entidades preocupadas com os rumos da educação
estadual. Coisas gravíssimas ocorrem na educação comandada pelo governador
Geraldo Alckmin, agora no seu quarto mandato.
Mesmo riquíssimo, São Paulo ocupou no ano passado o décimo lugar na
Prova Brasil. É escandaloso constatar que Ceará, Espirito Santo e Acre, que são
reconhecidos como estados pobres, apareceram classificados em sua frente. Pelos
resultados da avaliação, com menos recursos foi possível nesses três estados
produzir educação de melhor qualidade.
O quadro traçado acima é o resultado de um projeto que não coloca, em
São Paulo, a educação pública como prioridade e com isso cria fatos que
provocam vergonha e indignação em qualquer pessoa civilizada. O que esperar de
uma administração pública que, especialista em maltratar a educação, permite
que o corte de verbas educacionais faça sumir das escolas até mesmo papel
higiênico? Como aceitar passivamente cortes de verbas da educação sem
considerar os escândalos acumulados na FDE – Fundação Para o Desenvolvimento da
Educação – espaço público onde máfias estão organizadas para surrupiar o
dinheiro do contribuinte?
Portanto, o ano letivo que hoje se inicia não terá novidade alguma do
ponto de vista administrativo, mas será possivelmente o começo de mais um
desastre pedagógico, considerando entre outras coisas o corte de verbas para o
ensino. Será mais um ano em que o professor comerá o pão que o PSDB amassou,
que salas de aulas do período noturno serão fechadas na maior cara de pau, que
professores, inclusive efetivos, serão humilhados trabalhando em três ou quatro
escolas, muitas vezes localizadas em cidades diferentes.
Será o ano da confirmação do fracasso da chamada Escola de Tempo
Integral, já com verbas cortadas e professores dispensados. Será mais um ano de
reformas superfaturadas em centenas de unidades escolares, salas superlotadas,
assédio moral permanente, aumento escandaloso de professores doentes e também
aumento de perícias e afastamentos da sala de aula.
Enfim, nada de novo nesse novo ano pedagógico tucano. A única novidade
possível será o aparecimento de um espírito de rebelião e inconformismo a
partir dos mais de 200 mil professores públicos estaduais diariamente
humilhados. Sem essa rebelião ou revolta do professor, Alckmin e os tucanos
seguirão perenes no seu propósito de destruir a escola pública e acelerar o seu
processo de privatização.