Silvio
Prado, professor
Em se tratando de educação pública,
dificilmente o governador Geraldo Alckmin se habilita a falar algo que possa
ser levado a sério. Qualquer cidadão de bom senso, conhecendo um mínimo de sua
obra (destrutiva) na área educacional se avermelha e fica perguntando para que
serve um governador. Apenas para torcer os fatos, criar enganos e tirar do foco
os verdadeiros problemas da população?
Geraldo Alckmin é mestre nos truques
midiáticos e no exercício diário do engano. Devido
a essas especializações, em todo 12 de outubro, feriado em que se comemora o
dia de Nossa Senhora Aparecida, ele é visto na Basílica Nacional, em Aparecida
do Norte, rosto e gestos falsamente santificados, na fila da comunhão. Depois
de receber o sacramento, ele retorna para seu lugar, cabeça baixa, se ajoelha e
por lá fica, olhos fechados, como se estivesse flutuando pela força da
santidade. Fotógrafos e cinegrafistas disputam a cena que pode acabar depois
virando peça publicitária em suas investidas eleitorais.
Como todo católico antes da comunhão precisa
se ajoelhar diante de um confessor e despejar o estoque de pecados que carrega,
Alckmin deve escolher os pecados mais facilmente perdoáveis e os coloca no
delicado ouvido do padre confessor. Se todas as mazelas que cometeu no
exercício do poder fossem colocadas no confessionário, o padre, consciente da
incapacidade de conferir tão grande perdão, abandonaria a batina ou sairia em
busca de um analista.
Enfim, diante de alma tão santificada, o
confessor deve lhe dar como penitência apenas meio Pai Nosso e um quarto de
qualquer Ave Maria. Pronto. As pequeníssimas máculas do grão tucano ficam
milagrosamente apagadas. Então, com a alma leve, consciência em dia, corpo
purificado, abençoado por Deus e São José Maria Escrivá (fundador do Opus
Deis), ele pode novamente liberar suas tropas de choque para destroçar
Pinheirinhos e matar sem piedade quem resistir ou questionar as delicadas
abordagens de sua polícia.
Pode também fechar mais de 3 mil salas de
aulas, ou vender vagas do SUS para grupos da saúde privada. Pode, sempre numa
boa, continuar desconversando sobre os milhões de reais desviados para bolsos
de amigos envolvidos no escândalo Trensalão. Ou enchendo o peito para falar
sobre a Escola de Tempo Integral, a maior fraude pedagógica inventada nos
últimos vinte anos em São Paulo.